Sabe aquelas tradicionais resoluções de ano novo? Geralmente listadas neste mês de dezembro, elas costumam incluir desejos simples (ou nem tanto) de meros mortais como nós: fazer mais atividades físicas, comprar uma casa ou arrumar um emprego melhor – apenas para citar alguns exemplos.
Uma vez que são feitas por pessoas, as empresas também têm suas próprias resoluções de ano novo, seja aumentar o faturamento, ampliar o número de filiais ou mesmo economizar recursos. Pergunto: por que não acrescentar a inovação entre essas metas?
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Primeiramente, faço questão de observar que, quando falamos de inovação, não estamos falando apenas de extraordinárias transformações tecnológicas ou de criar o próximo produto que irá revolucionar o mercado. Estamos falando também de pequenas melhorias capazes de gerar grandes resultados,o que se traduz em mais eficiência, redução de custos e competitividade. Logo, a inovação está diretamente ligada à capacidade de uma empresa se reinventar, se adaptar e aproveitar as oportunidades que surgem. E, para isso, ela precisa ser parte transversal do seu planejamento.
Apesar da importância que a inovação exerce para o desenvolvimento empresarial, haja visto que 83% das empresas a veem como uma prioridade, apenas 3% delas estão prontas para inovar. O dado consta de um estudo recente feito pelo Boston Consulting Group (BCG) com mais de 1 mil empresários em todo o mundo. O mesmo levantamento aponta que, no Brasil, apenas 50% dos executivos veem o tema como central para os negócios. Mas por que será que isso acontece?
O gráfico de barras mostra a importância que as empresas dão à inovação ao longo dos anos. Já a linha verde clara aponta queda expressiva no número de companhias que se dizem prontas para inovar — Imagem: Reprodução/BCG
Inovar rima com planejar
Em meio ao trabalho de consultoria que desenvolvo junto às empresas (sejam elas grandes, médias ou pequenas), tenho observado que sim, muitas delas desejam inovar, mas isso não consta no planejamento de forma clara e mensurável. Proponho, aqui, o seguinte exercício: pense em como a inovação pode contribuir para seus principais indicadores: como ela pode impactar no faturamento? Quantos novos produtos ou serviços podem ser lançados? Qual a melhoria no índice de satisfação do cliente (NPS) que pode ser alcançada?
Outro ponto importante é tratar a inovação como umelemento-chave para a transformação cultural dentro da empresa, o que significa incluí-la não apenas nas grandes metas corporativas, mas também nos indicadores de performance das áreas e nas metas individuais. Como cada equipe pode inovar em seus processos para tornar o trabalho mais eficiente para reduzir custos ou melhorar a experiência do cliente?
O comprometimento das lideranças é crucial
A inovação também precisa de um esforço consciente. Que tal reservar um orçamento para capacitação em novas tecnologias, experimentar conceitos e testar ideias? Considere fazer parcerias com universidades, participar de programas de incentivo à inovação e buscar financiamento para projetos de P&D. Em empresas pequenas, muitas vezes isso pode parecer um desafio maior, mas é justamente aí que está a diferença: o comprometimento com a inovação não depende do tamanho do negócio, mas da visão da liderança em torná-la uma prioridade.
Por fim, penso que é fundamental reconhecer os avanços em inovação. Celebrar cada passo reforça a cultura inovadora dentro da empresa e motiva as equipes a continuarem buscando novas ideias e soluções. Se inovar está entre as resoluções do seu negócio para 2025, confira estas breves dicas que selecionei para te ajudar nessa missão:
3 passos essenciais para incluir a inovação na sua gestão em 2025:
- Defina objetivos claros: tenha clareza sobre o que você quer alcançar com a inovação. Pode ser aumentar o faturamento, melhorar a eficiência ou criar novos produtos. Saber exatamente o que se espera ajuda a direcionar os esforços.
- Estabeleça orçamento e responsabilidades: reserve um orçamento específico para inovação e determine quem será o responsável por liderar esses projetos. Inovar demanda recursos e pessoas comprometidas em fazer acontecer.
- Buscar parcerias estratégicas: considere parcerias com universidades, centros de pesquisa e programas de fomento para fortalecer suas iniciativas de inovação. A colaboração externa pode ser um fator-chave para projetos inovadores.
Empresas-faróis
Apesar dos inúmeros desafios que envolvem a capacidade de inovar, algumas organizações têm feito muito bem o dever de casa e podem atuar como “faróis” em relação aos seus pares, que ainda se encontram em um estágio muito inicial. No setor elétrico, por exemplo, a Copel (Companhia Paranaense de Energia), vem trabalhando a inovação de forma bastante estruturada, inclusive no que diz respeito à adaptação às mudanças climáticas, uma ameaça cada vez mais frequente para as empresas deste segmento.
Esse tipo de referência demonstra que a inovação pode ser uma realidade tangível e integrada ao dia a dia, independentemente do setor. Incentive as áreas que propuserem ideias novas, promova eventos internos para estimular a criatividade e dê espaço para que a inovação aconteça, mesmo que comece pequena. Lembre-se: nem toda inovação precisa ser revolucionária. Muitas vezes, as melhorias incrementais — aquelas pequenas mudanças no dia a dia — são as que geram maior impacto ao longo do tempo.
A Estratégia do Motor 2 – como tornar a inovação parte do dia a dia do seu negócio
Caso você queira se aprofundar mais nesse universo tão apaixonante (ao menos para mim) da inovação, recomendo demais a leitura de “A Estratégia do Motor 2 – como tornar a inovação parte do dia a dia do seu negócio”, de autoria do Sandro Magaldi e José Salibi Neto. Nesta obra, os autores defendem a necessidade de equilibrar os motores de crescimento do negócio, apresentando um roadmap para estruturar as frentes de atuação, aspecto que passa pela compreensão das capacidades internas e de conhecer bem a jornada do seu cliente até estabelecer a governança para a inovação. O Motor 1 tem como foco a máxima eficiência operacional, enquanto o Motor 2 busca inovação de verdade por meio de negócios adjacentes, novos fluxos de receitas e perspectivas estratégicas. Mas chega de spoiler, né (risos)?
Para 2025, se você deseja que seu negócio vá além de apenas “fazer parte do jogo”, mas se posicione realmente à frente, é preciso incluir a inovação de forma estruturada no seu planejamento, na sua cultura e nas suas ações. A
Deixo aqui duas reflexões: sua empresa pode ser considerada inovadora? Como a inovação está no seu planejamento para 2025? Que este novo ano que vem por aí seja repleto de novas ideias, novos desafios e grandes conquistas.
Até a próxima!
Rafael de Tarso
Professor, palestrante e especialista em inovação e transformação digital.